Agora, com a vigência do segundo turno das eleições
presidenciais de 2014, em que duas candidaturas apenas sobraram, a de Dilma
Rousseff do PT e a de Aécio Neves, do PSDB, é necessário pontuar a diferença
entre esses dois candidatos, seus currículos e seus programas de governo, assim
como os objetivos de cada um dos partidos políticos a qual eles se filiam.
Um dos grandes temas dessa campanha, usado por todos os
candidatos, é a ideia de mudança. Cada um dos concorrentes ao pleito
presidencial no primeiro turno se colocou como o portador de um projeto de
mudança para o país. O discurso de Dilma Rousseff e de Aécio Neves não são
diferentes nisso, pois ambos se dizem como a mudança. Porém, podemos mensurar e
comparar qual mudança cada um desses candidatos está propondo?
A mudança que queremos é qualquer uma? Qualquer mudança
serve?
Dilma Rousseff nos propõe continuar as mudanças já começadas
no governo Lula, ampliando a geração de empregos, o combate às desigualdades
sociais, a distribuição de renda, o acesso à educação e a saúde pública.
Obviamente o que ela está propondo é continuar uma mudança que já começou a
mais de uma década no Brasil e que coleciona opositores e descontentes. No
entanto, mesmo com erros e pedras no caminho esse foi um projeto bem sucedido.
Os resultados das últimas Pnads, dos últimos sensos e de constatações feitas
pelo Onu colocam o Brasil em uma excelente situação de melhora de condições de
vida em praticamente todos os quesitos. E nem às vezes precisamos de números
para ver isso. Alguém ai conhece alguém que está pior de vida hoje do que
estava em 2002? Pobre hoje tem carro, faculdade, emprego, casa própria e a
geladeira cheia sempre. No geral é isso o que vemos.
Aécio Neves, por outro lado, nos propõe uma mudança que na
verdade é voltar ao que éramos antes, uma volta aos tempos de FHC. Ele e seu
economista chefe, Armínio Fraga, não cansam de falar que o salário mínimo está
crescendo demais, que os juros estão muito baixos. Quando percebemos ainda que
Aécio pertence ao partido de FHC, o presidente que teve índices terríveis de
desemprego e arrocho salarial, tendo exatamente Armínio Fraga como seu
principal economista, percebemos muito claramente que o projeto de mudança de
Aécio Neves tem a ver com mudar para o antigo projeto do PSDB dos três pilares
econômicos, do desemprego e do arrocho salarial, em que não havia crédito para
que os mais pobres pudessem consumir.
Aécio se diz capaz de conter a inflação, mas podemos
perceber claramente que essa inflação alta é algo questionável, como já
questionamos aqui em outro artigo.
Ele se diz capaz de fazer o país voltar a crescer, muito embora já estejamos
crescendo mais que a maioria dos países do mundo, ao passo que ele não foi
capaz de fazer Minas Gerais crescer, endividou o Estado e fez Minas cair da
posição histórica de 3º Estado mais atrativo para investimentos para a 6ª
colocação.
Ele fala sobre corrupção, mas como já discutimos em outro artigo, falar sobre
denúncias dos outros e não falar das suas próprias não adianta nada. Nesse
quesito a Dilma e o PT são muito mais claros e objetivos, defendendo sempre a
investigação, em detrimento a Aécio e o PSDB, que sempre defendem arquivamentos
dos casos em que são acusados.
Queremos mudanças no Brasil? Quais mudanças nós queremos?
Será que o projeto político de Aécio Neves e do PSDB representam as mudanças
que queremos?
Voltar ao arrocho salarial, ao desemprego, as privatizações,
ao apagão elétrico, aos tempos em que as universidades eram apenas para os mais
ricos é a mudança que queremos?
Cada um pense o que quiser, mas Aécio foi governador em
Minas Gerais, Estado onde eu moro, e não vi fazer nada de bom aqui.
Átila Siqueira é Historiador, Bacharel em História pela
PUC-MG e Mestrando em História, pelo programa de pós-graduação em História da
UFMG, na linha de História e Culturas Políticas.