Aécio afirma que se eleito presidente do Brasil, não acabará
com os programas sociais, como o Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida, Fies,
Prouni, dentre outros, porém, em um dos debates do primeiro turno, em TV aberta,
assim como em seu programa no horário gratuito na TV, afirmou que fará algumas
mudanças no Bolsa Família. Nesse texto, vamos nos concentrar somente nesse
programa de transferência de renda, o Bolsa Família.
A proposta de Aécio é fazer o programa funcionar em 5
estágios (níveis de carência), ou seja, o beneficiário entra no estágio 1 e
abandona o programa no estágio 5. Provavelmente o primeiro estágio teria a
remuneração maior e subsequentemente vai se diminuindo o valor da bolsa
gradualmente. Segundo o próprio Aécio, nenhuma pessoa poderá ficar mais que um
ano em cada 1 dos 5 estágios. Isso quer dizer que o Bolsa Família terá um prazo
máximo para ser recebido. No máximo, uma família poderá receber o benefício por
até 5 anos, independente de continuar a precisar ou não, com valores provavelmente
sendo reduzidos ano após ano.
O Bolsa Família, com essa medida, deixará aos poucos, de ser
um programa de ampla transferência de renda e se tornará cada vez menos um
programa social presente na vida dos brasileiros mais pobres. Em 5 anos todos
os atuais beneficiários já terão provavelmente o benefício muito diminuído no
decorrer dos anos e estarão saindo do programa. Ninguém poderá voltar ao
programa de novo, então, em breve, o Bolsa Família não terá mais a quem
atender, pois terá atendido por 5 anos todos os beneficiários cuja renda se
encaixa no perfil estabelecido.
O Bolsa família não terá um fim imediato, mas terá um fim
gradual e se tornará um daqueles programas sociais do PSDB que tanto
conhecemos, que atendem parcelas mínimas da população e servem apenas para
aparecer nas propagandas. Esse era o caso do Bolsa Escola, que atendia apenas
2,5 milhões de pessoas e tinha um cadastro de pessoas na espera de mais 2,5
milhões, um número muito pequeno, se comparado ao Bolsa família, que atende
mais ou menos 57 milhões de famílias.
Para os direitistas que podem estar lendo esse texto, não
pense esse impacto só na questão social, mas pense o quanto essa diminuição de
dinheiro circulando será nocivo para o comércio, para a indústria, para o setor
de empregos e diversos outros setores de nossa economia, que serão diminuídos. Cada
1 real investido no Bolsa Família gera 1,78 ao PIB brasileiro. Além disso,
pensem no impacto do IDH brasileiro. Acabamos
de sair do mapa da fome, graças ao Bolsa Família e aos empregos que ele
gera. Será que estamos com saudades de nossa posição no mapa da fome? Será que
vocês não querem que o nosso país tenha um IDH de país de “Primeiro Mundo”?
Programas como o Bolsa Família existem em todos os países ditos avançados,
exatamente porque diminuem a pobreza e melhoram o mercado, produzindo inclusive
mão de obra qualificada para o trabalho.
Átila Siqueira é
Historiador, Bacharel em História pela PUC-MG e Mestrando em História, pelo
programa de pós-graduação em História da UFMG, na linha de História e Culturas
Políticas.
Algumas referências:
https://www.youtube.com/watch?v=b-cze_wUBaI&feature=youtu.be
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2014/09/16/brasil-reduz-a-pobreza-extrema-em-75-diz-fao.htm