Faça o
que fizer o STF está em uma situação muito complicada.
Se eles
aceitarem os embargos infringentes vão ter que, depois, assumir seus
erros, pois a falta de documentos que provam culpas e os documentos
que provam a inocência já estão circulando, ao mesmo tempo que o
número de pessoas que questionam o julgamento aumenta a cada dia.
Caso contrário vão sofrer com as críticas e com as denúncias em
um tribunal internacional, o que pode obrigá-los a voltar atrás e
ainda pode mesmo condená-los, se ficar provado que os ministros
agiram por interesses pessoais no julgamento.
Se eles
não aceitarem os embargos terão ainda uma situação bem mais
complicada pela frente, pois isso produzirá mais uma violação para
ser julgada no tribunal internacional.
Se eles
aceitarem os embargos e depois absolverem os réus no próximo
julgamento, vão atestar claramente que agiram de má fé e vão
acabar com suas carreiras e com a reputação da casa institucional
a qual eles representam, pois serão criticados pelos fascistoides
que desejam condenação a qualquer custo, e pelas pessoas que viram
a farsa ser montada e não se sustentar.
Contudo,
a última opção vai ser a menos vergonhosa para eles e para a
grande mídia, pois pelo menos não será uma vergonha internacional
e eles ainda não passarão pelo vexame de terem o julgamento anulado
por uma corte internacional, além de não correrem o risco de se
tornarem réus. No fim das contas, a situação desse novo caso
Dreyfus vai ficando cada vez mais insustentável, assim como no caso
original, em que os motivos reais das condenações sem provas vão
aparecendo dia após dia: o bom e velho ódio pelo diferente, pois é
interessante ver como cada dia mais o anti-petismo do início do
século XXI tem se assemelhado ao anti-semitismo do início do século
XX.
A melhor
saída para o STF agora é aceitar os embargos infringentes,
respeitando a constituição, em seguida, começar a revisar e passar
a limpo todos os questionamentos que estão sendo levantados pela
defesa, levando em conta e debatendo todos os documentos
apresentados. Nesse caso, o STF conseguirá concertar parte de seus
erros e, se em um novo julgamento houver a absolvição, os ministros
poderão se justificar dizendo que é para reparar possíveis erros
que os recursos judiciais se prestam. De toda forma eles estarão
desmoralizados por terem conduzido um processo carente de provas,
porém, podem amenizar essa situação se daqui para a frente levarem
em conta a constituição e os preceitos mais básicos da
jurisprudência.
Átila
Siqueira.
Átila
Siqueira é Historiador, Bacharel em História pela PUC-MG e
escritor.