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10 setembro 2013

O mensalão: o novo caso Dreyfus em José Dirceu e Genuíno.

Postado Por: Átila Siqueira.  |  Em:




O mensalão, foi, inegavelmente o julgamento mais noticiado até hoje na história do Brasil, sendo também aquele em que a grande mídia e a classe média representada por esses veículos de comunicação mais mostrou interesse em ver uma condenação exemplar. Contudo, o problema do julgamento é a falta de provas, de forma que a tese da defesa e dos condenados precisa ser constantemente silenciada, assim como os documentos apresentados pelos réus atualmente condenados, caso contrário, o caso vai por água abaixo, pois seria difícil para a grande mídia, mesmo tendo ela seus interesses, falar abertamente e defender uma condenação quando as provas mostram tão claramente o contrário.
O julgamento do mensalão lembra muito o famoso caso Dreyfus, onde um indivíduo, no fim do século XIX, foi condenado por espionagem somente por ser um judeu, embora não houvesse provas de sua culpa e houvesse provas em abundância de sua inocência. Naquele episódio, os militares, a extrema direita, os anti-semitas e o judiciário formado por classes abastadas conservadoras e das elites fizeram o que podiam para condenar Dreyfus, pois aquilo era o que lhes interessava politicamente, e para isso esconderam provas e fizeram o que podiam para convencer a opinião pública da tese que defendiam, embora ela tenha acabado por ir por terra, quando as provas da inocência do condenado começaram a ser amplamente divulgadas.
O caso do mensalão se mostra semelhante. Dirceu e Genuíno não estão condenados porque cometeram crimes, mas sim porque são petistas, assim como Dreyfus foi porque era um judeu. Não há provas contra eles e na verdade há provas amplas de inocência, que foram apresentadas aos juízes e que sumiram do inquérito sem que se desse qualquer satisfação sobre o paradeiro desses documentos. Assim, o que temos que nos perguntar é qual os interesses nessas condenações e quem possui esses interesses.
O judiciário brasileiro, sobretudo o STF, é formado por indivíduos das elites, bem como nossa grande mídia. Esses indivíduos estão descontentes com o atual governo do PT, pois esse governo, chamado por eles de populista e assistencialista, mudou a ótica de governabilidade que havia sido implantada no Brasil, em que se produzia uma política elitista e se mantinha o povo a margem da sociedade, sem acesso a ensino superior e técnico, sem acesso a empregos e renda e sem acesso ao consumo. E talvez os dois maiores responsáveis por levar o ex-operário que fez tudo isso a presidência da república foram exatamente Dirceu e Genuíno, que agora são condenados sem provas, através da acusação de um deputado inimigo, que denunciou e foi tido pelo judiciário como um acusante idôneo, como se o mesmo não tivesse interesses na condenação.
No fim das contas, temos mais um caso Dreyfus ou ainda, mais um julgamento como o do Mandela. Qualquer um quer parar de ler somente o que a grande mídia diz sobre o caso e começar a ler os questionamentos, ou seja, ouvir os dois lados, vai no mínimo ver que tem algo errado nessa história. Onde estão as provas de desvio de dinheiro, de compra de votos, e de irregularidades? Quem foram os deputados que venderam os votos? Onde estão as provas que incriminam Dirceu e Genuíno? Não existe uma gravação telefônica, um contra-cheque ou extrato bancário, não há um documento que incrimine, enquanto há vários que inocentam. Mas eles não foram condenados porque cometeram crime de corrupção. Eles foram condenados porque cometeram o crime de serem petistas, de serem de um partido que está contra os interesses de nossas elites. Eis mais um caso Dreyfus, onde o crime é ser diferente daquilo que as elites e a extrema direita acha certo.

Átila Siqueira.
Átila Siqueira é historiador, formado como Bacharel em História pela PUC-MG, e também é escritor.

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