Depois de exaltar e estimular as manifestações de
junho, que contribuíram para a queda da popularidade da presidente Dilma
Rousseff, os meios de comunicação conservadores já demonstram incômodo
com as violentas manifestações de rua; capa de Veja desta semana é
emblemática: em vez de uma bela jovem enrolada à bandeira nacional, há
uma "cara-tapada"; como a própria mídia se tornou alvo de anarquistas e
Black Blocs, a brincadeira perdeu a graça; o "sonho" acabou
17 de Agosto de 2013 às 08:32
247 - A Praça
Tahir não é mais aqui. Depois dos protestos de junho, que levaram alguns
analistas a exaltar o chamado "outono brasileiro", que derrubou a
popularidade da presidente Dilma Rousseff e poderia até abreviar o ciclo
do PT no poder, a mídia brasileira não quer mais brincar de revolução.
O primeiro sinal veio do jornal O
Globo, na edição de ontem, quando a manchete principal destacou que
apenas 200 pessoas causaram transtorno a milhares de cidadãos, fechando a
Avenida Rio Branco, no centro do Rio (leia mais aqui).
A virada definitiva, no entanto, vem da Editora Abril, onde a revista
Veja que, há três meses, dedicava uma "edição histórica" às
manifestações e colocava uma bela jovem na capa enrolada à bandeira
nacional, neste fim de semana fala em sua capa dos "caras-tapadas", os
jovens que pregam a anarquia e empregam a violência em seus atos de
protesto.
Veja demonstra preocupação com o 7
de setembro, quando os black blocs, um dos grupos mais violentos da leva
recente de manifestações, planejam um "badernaço". Se esse cenário se
confirmar, em breve, os mesmos veículos que estimularam a onda de
protestos de junho estarão pedindo mais repressão policial. E o eixo das
coberturas no bordão de "mais uma manifestação pacífica que terminou em
violência, quando um pequeno grupo de vândalos..." terá que ser
alterado.
Globo, Veja & companhia estão
perdendo a paciência. Especialmente porque também são alvos da
indignação de parte dos manifestantes.
No mundo ideal da mídia
conservadora, haveria apenas anjos rebeldes – de preferência, bem
bonitinhos – protestando contra a ditadura do PT, pedindo a aprovação da
PEC 37 e a prisão dos chamados mensaleiros. No entanto, a realidade não
se adequou ao roteiro dos sonhos dos Civita e dos Marinho.
Matéria original: http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/111927/M%C3%ADdia-n%C3%A3o-quer-mais-brincar-de-Pra%C3%A7a-Tahir.htm